MODA, PERFUMES, MÚSICA
ANTIGONO | ÓPERA COM FIGURINOS JOSÉ ANTÓNIO TENENTE
ANTIGONO, a ópera em três actos de Antonio Mazzoni com libreto de Pietro Metastasio (1755), é o brilhante projecto, co-produzido pelo CCB e pelo Divino Sospiro em estreia moderna mundial, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.
Um acontecimento a não perder.
"Uma ópera sem memória? Foi de esplendor efémero a estreia de Antigono em 1755. Nesse outono fatídico de Lisboa, a produção em cena era das mais luxuosas da época e contava com um elenco de prestígio internacional: um dos castrati era Gaetano Guadagni (o eleito de Handel para cantar no Messias e o primeiro Orfeu na ópera de Gluck). O Divino Sospiro quer resgatar esse esplendor e dar-lhe a vida que ficou perdida nas ruínas do grande terramoto.
A malograda Casa da Ópera do Paço da Ribeira, inaugurada em Março de 1755, foi provavelmente a única que assistiu à interpretação da ópera Antigono, em cena aquando da destruição daquele espaço com o terramoto de 1 de novembro. O libreto, da autoria de Pietro Metastasio e um dos preferidos pelos compositores da época, conta os “estranhos desastres” que sucedem a Antígono, rei da Macedónia, desde que se junta a Berenice, princesa do Egito. A partitura de Mazzoni, que regressa agora à vida com o Divino Sospiro, sofreu um trabalho de edição crítica da responsabilidade de Nicholas McNair."
De salentar que o Arquitecto Pedro Januário fez um trabalho de grande investigação - Tese de doutoramento, Madrid - sobre este espaço.
O meu conselho: visitem o site e vejam a "reconstituição" do, vulgarmente, designado por Teatro da Ópera do Tejo. Nas fotos, abaixo, poderá ver o "antes e o depois do terramoto. Uma das muitas maquetes tridimensionais apresentadas por Pedro Januário. Fabuloso!
Esta produção representa também a estreia de JAT na criação de figurinos para ópera
“Estou muito feliz por participar neste projecto que me entusiasma muitíssimo. Apesar de ter uma considerável experiência na criação de figurinos para dança e teatro, nunca tinha 'vestido' uma ópera. E não podia ter sido melhor para começar... É absolutamente única a oportunidade de assistir ao 'renascer' de uma obra que estava esquecida há mais de 250 anos”, diz José António Tenente.
O desenho dos figurinos rege-se pela contenção e 'economia' recomendada pela direcção cénica do Carlos Pimenta. Com uma aposta muito forte no 'barroco digital' do desenho de António Jorge Gonçalves para o 'cenário', o desenrolar da acção, os estados de alma dos personagens, os conflitos, serão sublinhados 'em tempo real' por esse 'dispositivo'.
“O meu trabalho insere-se no 'story board' criado pelo Carlos Pimenta e António Jorge Gonçalves com um ambiente visual muito preenchido e estimulante. Os figurinos contrapõem-no com uma imagem quase uniforme, mas forte e de leitura evidente. De desenho linear, as formas assentam em linhas geométricas e em manchas de cor únicas. Uma paleta cromática concisa e elementar: negro, vermelho e azul. Numa visão 'simplista', os bons de vermelho e os maus de negro. O azul, romântico, para Berenice, misteriosa, sedutora... Alusões subtis à antiguidade clássica, nomedamente, a partir das suas representações escultóricas ou pictóricas", diz José António Tenente
PARABÉNS ZÉ. UM TRABALHO FANTÁSTICO.