UMA FRAGRÂNCIA ÚNICA
Je dis une fleur! et, hors de l’oubli où ma voix relègue aucun contour en tant que quelque chose d’autre que les calices sus musicalement se lève, idée même et suave, l’absente de tout bouquet.
Mallarmé (1842-1898)
A apresentação de uma fragrancia Hermès é sempre um acontecimento esperado com alguma ansiedade pelos meios de comunicação social e por uma elite apreciadora de aromas com uma filosofia própria - o convite a viajar.
Pelo mundo fora e ...pelo nosso mundo interior.
Afinal, Hermès...é Hermès.
A grande maioria dos aromas lançados foram/são um êxito.
Muitos viraram clássicos da perfumaria mundial.
Sou fã da maioria.
Eau de Merveilles acompanha-me... tal como as Hermessence, uma verdadeira colecção de poemas olfactivos que evocam emoções, memórias, afectos.
Un Jour D'Hermès, a fragrância acabada de lançar, já faz parte das minhas preferências.
A imprensa internacional anunciou, em Novembro, o lançamento mas respeitou o silêncio exigido - "Nada de detalhes até ao lançamento mundial " que ocorreu a 15 de Fevereiro p.p.
Como curiosidade direi que a Maison Hermès não colocou grande enfase na pirâmide olfactiva.
Falou numa fragrância plena de "luz, feminilidade e optimismo".
Falou em "mil flores" e "bálsamos"...
Falou de uma homenagem à Mulher.
No contacto do aroma com os meus sentidos, advinho notas verdes e cítricas, outras florais como a gardénia, outras envolventes como o musgo de carvalho...
Sinto suavidade, envolvência, frescura...a magia do alvorecer nas montanhas, no campo...junto ao mar.
Evoco flores...muitas flores. As minhas flores preferidas.
Un Jour D'Hermès revelou-se um aroma único, "mágico".
Não será por acaso que Jean Claude Ellena escreveu na página 63 do seu Journal d’un parfumeur:
Je voulais donner à sentir des brassées de fleurs, que chacun y mette les fleurs qu’il veut, y sente ce qu’il a envie de sentir. »
Ou ainda. Des brassées, des bouquets, des gerbes, des bosquets, fleurs du jardin, fleurs du salon, fleurs du matin, fleurs du soir, parfums espiègles, odeurs envoûtantes, à profusion ! »
« Je laisse volontiers des vides, des “blancs”, dans les parfums afin que chacun puisse y ajouter son propre imaginaire; ce sont des “vides d’appropriation” .
Conseguiu!
Para uma fragrância "diferente" era necessário criar um frasco diferente.
Para materializar esse objectivo foi convidado Piere Hardy, o conhecido designer das jóias e sapatos Hermès.
O resultado é fabuloso. Um frasco "sólido, depurado, sensual, com personalidade" que, insiscutivelmente, reflecte a tradição Hermès.
Um objecto de arte, que apetece acariciar.. .um contraste luminoso em que o branco e o dourado mel do perfume criam uma elegância subtil.
A minha opinião:♥♥♥♥♥
Jean Claude Helena um homem elegante, cabelos grisalhos, sorriso no olhar, gestos discretos é o perfumista exclusivo da Maison Hermès desde 2004.
Como responsável pelas fragrâncias Hermès "virou" os conceitos aromáticos da "Maison", deu-lhes novos horizontes, entendeu o "l'air du temps", as aspirações olfactivas de homens e mulheres... Para eles criou histórias plenas de cor, fantasia, sons e cores.
Nascido a 7 de Abril de 1947, em Grasse, é filho de um perfumista. Dele terá herdado o amor pelo ofício.
Sentir as fragrâncias por ele formuladas é como recuar no tempo em que os alquimistas criavam "misturas" para uma elite, em que o mundo dos aromas ia muito além do simples gesto de perfumar.
Quando tomo contacto com as fragrâncias assinadas por Jean Claude Ellena sinto-me atraída para uma viagem de sonho, liberdade, alegria.
Celebro a Natureza e a vida.