CORES, SABORES E AROMAS
“A vida é a Arte do encontro…embora haja tanto desencontro nesta vida!” diz Vinício de Moraes.
Eu diria de forma menos sábia: “A vida é feita de encontros. Bons e maus”.
Felizmente só recordo os bons. É o melhor para o meu corpo e, especialmente, para a minha alma.
Só assim, mantenho a harmonia que me alegra a vida e dirige os passos.
Quem sabe por isso, defino a vida “como um perfume a descobrir”.
E é de um encontro de música, dança, palavras, aromas e sabores que vos vou falar. Venham daí comigo!
Um amigo, aromaterapeuta, sociólogo, filósofo, perfumista e sei lá que mais… enviou-me uma mensagem simples: “ Conheci uma jovem licenciada em artes plásticas e bailarina que devias conhecer. Pelo que é como ser humano e pela arte que desenvolve…”
Não me enviou o contacto mas descobriu-o via net. Bastou-me o nome.
Escusado será dizer que nos encontrámos. Num final de domingo. Ali para as bandas do Chiado no meio de flores, sumos e pão que ela, gulosamente, molhava no azeite. Um encontro, ou” reencontro” de duas pessoas que falavam a mesma linguagem e se sentiam irmanadas num ideal de harmonia e de Amor pela humanidade. Rimos, contámos experiências – ela da sua pesquisa e prática no campo da dança… eu no mundo dos óleos essenciais e dos perfumes. Se alguém reparou em nós terá pensado, mãe e filha num descontraído fim de semana lisboeta.
Com o chegar da noite despedimo-nos. Ela tinha um espectáculo. Eu? Ia mergulhar nos meus livros, sonhar com os meus perfumes e óleos essenciais. Mas não só. Ia “beber” a conversa – que jamais vou esquecer! – e me levou a desejar descobrir a magia das danças que “ela” transporta consigo. Do bailado clássico às danças tradicionais e étnicas, conciliação perfeita do Oriente e do Ocidente.
Passaram poucos dias sobre o encontro com a Carolina Fonseca, esse é o seu nome, e surgiu a hipótese de nos reencontrarmos. O objectivo era dar-me a conhecer um pouco da sua dança e revisitar a gastronomia de Marrocos.
A arte da dança ia conjugar-se com a “arte dos sabores, das cores e dos aromas” no restaurante Flor de Laranja, à rua da Rosa, em Lisboa.
(Laranja… rosa, dois dos ingredientes que integram quase todas as fragrâncias – e que me fizeram pensar “nada acontece por acaso”.
Um restaurante pequeno no espaço… mas grande na ementa, no profissionalismo e na alegria da sua proprietária, Rabea Esserghnini.
E como foi bom saborear os pratos vegetarianos que escolhi ou me foram sugeridos; como foi bom “percorrer com os sentidos e imaginação” os campos de rosas e das laranjeiras em flor.
Como foi bom entender os movimentos de uma dança - outrora sagrada -, que a Carolina trazia até nós. Onde estará a linha subtil que separa o profano do sagrado?! Confesso que não sei.
No regresso a casa lembrava a resposta de Rabea quando lhe perguntei porque escolhera o nome Flor de Laranja para o seu espaço. “ Desejava transmitir bem estar, alegria…”
A saber:
- A flor e folhas da laranjeira bem como a casca da laranja são utilizadas em perfumaria desde sempre.
- Na pirâmide olfactiva integram, normalmente, as “notas de saída” transportando consigo uma onda de frescura e leveza.
- Existem, no entanto, algumas fragrâncias – Eau D’Orange Verte de Hermès ou Blu Mediterraneo Arancia de Acqua di Prada- que constroem a sua fórmula baseando-se no seu aroma inconfundivel e nas enormes potencialidades que tem: das folhas às flores e destas às cascas da laranja tudo é passível de transformação em Óleo Essencial.
Dizem os especialistas em Aromaterapia que o Óleo Essencial de laranja é um auxiliar precioso para combater a tristeza, o stress e a ansiedade. Rabea sabia do que falava. Escolheu conscientemente o nome do seu restaurante.
Na “Flor da Laranja” impera a boa disposição, a alegria, a cor e a música.
Os aromas confundem-se com os sabores (excelentes!) e estes com a música que acompanha a dança de Carolina… autêntica viagem ao mundo dos sentidos.
Vale a pena conhecer.
Imagens: Idili Lizcano, Carolina Fonseca, "Flor de Laranja".