“Nada acontece por acaso”, diz quem sabe. Não contrario a teoria. Pelo contrário, aceito-a.
Por motivos profissionais, passei por Óbidos, terra que me atrai profundamente. Não sei se pela sua história, pelas suas ruas tranquilas, pelas flores em cada janela, pela simpatia das suas gentes. Quem sabe, pela proximidade do mar e da lagoa… Nunca descobri. Será preciso?
O Santuário do Senhor da Pedra, é visita obrigatória. Por ali fico a olhar, tentando entender as mensagens silenciosas daquelas pedras, a sua forma rara (será um hexágono inscrito no círculo ou circulo que desenha um hexágono??), como raro é o Menino Jesus Negro – que tenho para mim, se trata de uma imagem de adoração druida, descoberta nas florestas que por ali existiram… O silêncio e luz
daquele espaço sagrado, fazem-me esquecer as horas e, muitas vezes, os compromissos ou destinos.
E, na verdade, quando dei por mim já era tarde para me fazer à estrada rumo à casa materna – Castanheira de Pêra. Conduzir à noite… não me seduz.
Decidi-me a pernoitar por ali. Um local onde ficar? Tinha uma referência que me chegara por mão amiga – Quinta da Torre –Unidade de Turismo de Espaço Rural, na modalidade de Agro Turismo - que, segundo a indicação que me deram junto à igreja, era de fácil descoberta: “basta seguir a tabuleta”. Assim fiz.
Não foi difícil. Abandonei a estrada - Caldas da Rainha/ Óbidos -, virei à direita, atravessei a linha do comboio da” linha do Oeste”, virei, de novo, à direita, fui seguindo a "tabuleta Quinta da Torre"... Virei à esquerda, abandonando a estrada Óbidos/Senhora da Luz, e comecei a subir a encosta rodeada de árvores.
Dois minutos (!) bastaram...sem GPS.
Lá no cimo, a Quinta da Torre.
Quem sabe o nome que lhe foi dado, tenha origem na paisagem que a serra nos pode oferecer, tal torre de miragem medieva. Dali se avistam as terras que circundam a Lagoa de Óbidos e o mar, o castelo, a capela de Santo Antão, os campos verdes, os pomares.
Por ali, na Quinta da Torre, as flores salpicam a paisagem, os cavalos passeiam ao longe, os rebanhos esperam pelo regresso a “casa”, as laranjeiras convidam à “apanha sem arte”.
Uma casa principal, em tons solares, como solar era a cor do quarto que me foi destinado, estava à minha frente, como a imaginara. Simples, nas suas linhas rectas. Acolhedora, quase familiar.
A noite quente, convidou à conversa, junto à piscina, onde a lua reflectida parecia murmurar: “ Vem ter comigo…vem mergulhar” . “Podes crer que o farei, amanhã, quando o sol raiar”, pensei.
À noite retemperante – e como é bom sentir o silêncio aromático da serra! – seguiu-se um acordar calmo, o abrir das janelas para um jardim pleno de flores, o ouvir os pássaros bem perto ( e como eu adorava “conhecer a linguagem dos pássaros”!!!), o pequeno almoço sem pressas, numa sala em que o tecto em ” arcada de tijolo de burro”, me trazia à memória outras histórias, outros tempos, e se prolongava pelas salas.
Um mergulho na piscina, um secar na espreguiçadeira, um “esquecer de ler” para poder usufruir o que o “acaso” me tinha proporcionado, antecedeu a partida. A A8 esperava-me, como me esperavam em Castanheira de Pêra.
Colher um ramo de flores e eucalipto, foi o meu pedido. “Concedido, excepcionalmente”, dizem-me a sorrir.
Parti com uma certeza: vou voltar. Fazer umas mini férias culturais pela zona Oeste, e ter a certeza que à noite “tenho um ambiente acolhedor e familiar” à minha espera, um local tranquilo onde posso passar ao “papel” as minhas descobertas, ou simpaticamente, ouvir o Engenheiro Silveira falar sobre floricultura, apanha de frutos e cuidar de cavalos. É bom, acreditem.
Experimentem.
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