O Outono chegou.
Comemoro o Equinócio, que o anuncia, com um poema de Fernando Pessoa e dois quadros que o imortalizam.
A época das colheitas traz-nos frutos calóricos - castanhas, uvas, diospiros, nozes - que nos darão o alimento necessário para enfrentar o Inverno.
Os dias cada vez mais curtos, frescos e cinzentos, convidam a ficar por casa; conduzem a uma certa interiorização; levam-nos a reflectir sobre o nosso papel na sociedade e no mundo.
CANÇÃO DE..... OUTONONo entardecer da terra,O sopro do longo outonoAmareleceu o chão.Um vago vento erra,Como um sonho mau num sono,Na lívida solidão.
Soergue as folhas, e pousaAs folhas volve e revolveEsvai-se ainda outra vez.Mas a folha não repousaE o vento lívido volveE expira na lividez.
Eu já não sou quem era;O que eu sonhei, morri-o;E mesmo o que hoje souAmanhã direi: quem deraVolver a sê-lo! mais frio.O vento vago voltou.Fernando Pessoa (1888-1935)Poema publicado em 1922no Semanário "Ilustração Portuguesa"nº 833
Pinturas:
- "O Outono - Baco e Ariadne", Eugène Delacroix ( em cima)
- "O Outono ", Goya ( em baixo)
FELIZ EQUINÒCIO.
Um abraço